domingo, 3 de julho de 2011

Narcose: Fenômeno típico em mergulho

Mergulhos em profundidades superiores a 30 m exigem precauções especiais.

Quando se respira ar de um tanque de mergulho, a pressão de ar nos pulmões é igual a pressão exercida no seu corpo. Na superfície o ar contém cerca de 21% de oxigênio e, portanto, a pressão parcial de O2 é aproximadamente 0,21 atm. A 11 m de profundidade, a pressão exercida pela água é de 2 atm. Isto significa que a pressão parcial do oxigênio é o dobro da pressão na superfície, ou seja, 0,42 atm. Do mesmo modo, a pressão parcial do N2, que é aproximadamente 0,8 atm na superfície, dobra para 1,6 atm na profundidade de 11 m.

                                               Fonte: http://www.fotosearch.com.br/


A narcose pelo nitrogênio, conhecida como “crise das profundezas”, condição semelhante á da intoxicação pelo álcool resulta do efeito tóxico da alta pressão de N2 na condução nervosa. Este efeito é comparável ao se beber um martini de estômago vazio ou tomar uma anestesia com óxido nitroso (N2O) em um dentista. Em ambos os casos, a pessoa fica ligeiramente atordoada. No caso de um mergulho, a capacidade de raciocínio do mergulhador pode ser afetada, fazendo com que ele retire o respirador da boca. Algumas pessoas conseguem mergulhar até 30 m sem problemas. No entanto, outros começam a sentir os efeitos da narcose a 24 m.

Um outro problema ao se respirar em profundidades superiores a 11 m é a toxidez do oxigênio. O corpo humano tem o seu funcionamento previsto para uma pressão parcial de O2 de 0,21 atm. A uma profundidade na água do mar de 30 m, a pressão parcial de O2, é comparável àquela correspondente ao se respirar oxigênio 100% puro no nível do mar. Esses elevados valores de pressões parciais podem prejudicar os pulmões e causar danos ao sistema nervoso central. A toxidez do oxigênio é o motivo que faz os mergulhadores de grandes profundidades não utilizarem ar comprimido, mas sim misturas gasosas com um teor bem menor de oxigênio, por exemplo, 10%.

Devido ao risco de narcose pelo nitrogênio, mergulhadores que trabalham em plataformas de petróleo e que frequentemente tem que mergulhar a mais de 30 m de profundidade respiram nesses mergulhos uma mistura de oxigênio e hélio. Isto resolve o problema da narcose, mas introduz outro problema. Se o equipamento de mergulho incluir um sistema de comunicação por voz com a superfície, a voz do mergulhador ficará parecida com a do Pato Donald. A razão para isto é que a velocidade de propagação do som no hélio é diferente da no ar, e a densidade do gás que o mergulhador respira a grandes profundidades é muito maior que a do ar atmosférico na superfície. Este problema pode hoje em dia ser resolvido por equipamentos sofisticados para “desmascarar a voz de hélio”.


Referências: Química e Reações Químicas; KOTZ, John C., TREICHEL JR, Paul; 4ª Edição; 1º volume; Rio de Janeiro; Editora LTC; 2002

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