Aproximadamente uma centena de espécies de primatas habitam as densas florestas da Ásia e da África. Esses primatas vivem nas árvores, comendo frutas, sementes, folhas e insetos. No entanto, seu tempo está se esgotando, pois os seus hábitats estão sendo destruídos. Os primatas que não são desalojados são perseguidos por caçadores, que vendem a sua carne ou os capturam para o comércio ilegal de animais.
Fig.1 - Filhote de cercopiteco com duas semanas.
Até o século passado, as florestas virgens cobriam a maior parte da Ásia e da África, proporcionando ricos hábitats para os primatas. No entanto, a expansão humana por todo o Velho Mundo elevou o abate de florestas a um nível nunca visto antes. Mandris, cercopitecos, colobos e espécies do gênero Macaca são alguns dos animais que lutam para sobreviver ao desaparecimento das florestas.
As espécies mais ameaçadas são as que se localizam em territórios limitados. Seus animais vivem em grandes grupos e dependem das árvores para alimento e abrigo. À medida que essas áreas se fragmentam, as populações de Procolobus badius tem dificuldade em conseguir comida suficiente. Uma espécie, a Procolobus badius waldroni, já foi bastante comum em Gana e na Costa do Marfim, mas devido ao desflorestamento descontrolado é possível que já esteja extinta.
A expansão humana não só ameaça as florestas, mas também gera a procura crescente por carne. Embora a caça de primatas seja ilegal na maior parte do Velho Mundo, é difícil impedi-la, e ela acontece de forma clandestina nas florestas mais distantes. Os mandris estão entre os primatas de maior porte e são alvo permanente dos caçadores. Esses primatas, típicos da África Central, se deslocam pelo chão da floresta em grandes e barulhentos grupos, procurando insetos, grãos e frutas. Os mandris são extremamente leais e não abandonam os membros do grupo, mesmo que estejam sendo atacados. Isso significa que quando os caçadores encontram uma população de mandris conseguem matar o grupo inteiro. A caça reduziu o número destes animais para aproximadamente 3 mil.
Muitos primatas são perseguidos e capturados par o comércio de animais. Os macacos-cauda-de-leão são animais pequenos com lindas jubas douradas, que vivem na Ásia. Muito procurados como animais de estimação, são capturados em armadilhas e enviados para outros países. Os primatas bebê são considerados as presas mais valiosas. Os caçadores matam os adultos e aprisionam os filhotes, e como o comércio de animais é ilegal, eles os escondem para transportá-los. Pelo menos 60% das crias morrem antes de atingir seu destino. Os Pygathrix roxellana (fig. 2) são caçados para o comércio de pele e de órgãos, que são destinados à medicina tradicional. Também são capturados e vendidos para jardins zoológicos.
Fig. 2 - Pygathrix roxellana
Uma em cada três espécies de primatas está em perigo de extinção, e somente agora a consciência global começa a despertar. A situação dos primatas do Velho Mundo é crítica, pois as populações, como a dos mandris, algumas espécies de Procolobus badius e de macacos-cauda-de-leão têm menos de 5 mil exemplares cada. Muitos grupos de preservação estão realizando pesquisas sobre a ecologia e o comportamento dos primatas com o objetivo de despertar a consciência pública, e em algumas áreas de risco foram criadas leis para combater a caça e o contrabando de animais. No entanto, muitos primatas vivem em florestas desprotegidas e, mesmo em países onde essas leis existem, a sua aplicação inadequada faz com que as espécies continuem em situação vulnerável.
Fig. 3 - macaco-de cauda-de-leão.
Santuário em Cercopan
O abate de florestas e o comércio de carne de animais têm devastado as populações de primatas das florestas da Nigéria. Mais de 90% das florestas do país foram cortadas e os macacos que ainda existem são caçados. A organização Cercopan é um refúgio para os cercopitecos e magabeis, salvos da morte ou do comércio.
Os caçadores ilegais caçam macacos adultos por causa da sua carne e, se as crias sobrevivem, são retiradas do corpo da mãe para serem usadas no comércio de animais. Todas as crias de cercopitecos e magabeis confiscadas de caçadores ilegais são levadas para Cercopan onde passam por um processo de reabilitação. Algumas delas foram separadas da mãe com pouco tempo e outras foram mantidas em cativeiro durante meses ou anos. Cada primata é mantido em quarentena antes de ser introduzido em um grupo social adequado. Ele é gradualmente apresentado a membros da sua espécie e é monitorado até se adaptar à vida dentro do seu hábitat selvagem.
O Cercopan também investiga cada uma das espécies de primatas, tentando aprender mais acerca do seu comportamento para despertar a consciência pública para a sua luta. Proporciona educação grátis às comunidades locais, ajudando a enfatizar a importância dos primatas. Dessa forma, crianças e jovens podem compreender o efeito devastador que o abate de floretas para a extração da madeira tem sobre os primatas que nela vivem.
Estado dos primatas do Velho Mundo
Estado: Quase todas as espécies de primatas estão ameaçadas de extinção.
Indivíduos em liberdade: Entre 5 mil e 200 de cada espécie: cerca de 5 mil macacos-cauda-de-leão; menos de 200 Rhinoptecus avunculus.
Distribuição: Pequenas manchas de floresta tropical isoladas e floresta temperada na áfrica e Ásia central.
Principais ameaças: Perda de hábitat; doença; caça para comércio de animais e medicina tradicional.
Proteção legal: A maioria das espécies está listada na IUCN; protegidas por leis internacionais.
Endereço da Cercopan: www.cercopan.org
Organização International Primate Protection: www.ippl-uk.org
Outros grupos: http://investigate.conservation.org
Referências: Coleção: O Fascinante Mundo Animal; Editora Duetto ( 2008 - 2011)
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