quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Fluoretação da água e saúde dentária

Na primeira metade do século XX, a perda de vários dentes era comum na maioria da população do mundo desenvolvido. Em 1901, F.S. McKay, um dentista do colorado, notou que muitos de seus pacientes tinham manchas marrom no esmalte dos dentes. Ele também notou que estes pacientes pareciam ter uma incidência menor de perda dos dentes. Ele suspeitou que alguma coisa no abastecimento de água local era responsável. Mas somente na década de 1930, com o avanço da química analítica, é que as suspeitas de Mckay foram confirmadas ao se identificar altos níveis de íon fluoreto (12 ppm) no suprimento de água local.


                                          Fig.1 - Dentes apresentando sinais de fluorose.



Estudos confirmaram que havia uma relação inversa entre o aparecimento das manchas marrom (chamada de fluorose) e a ocorrência de cáries. Também observou-se que níveis de até 1 ppm de íon fluoreto eram suficientes para diminuir a ocorrência de cáries sem causar fluorose. Isto levou à fluoretação generalizada dos abastecimentos de água potável do mundo ocidental, o que reduziu drasticamente os níveis de perda de dentes em todos os setores da população. O fluoreto passou a ser adicionado também aos dentifrícios, colutórios e até mesmo ao sal de cozinha.

Pesquisas têm sugerido que o fluoreto previne as cáries, inibindo a desmineralização e a atividade bacteriana na placa dentária. O esmalte e a dentina são compostos de hidroxiapatita, um fosfato de cálcio. A hidroxiapatita dissolve-se com os ácidos presentes nos alimentos ou produzidos pela ação bacteriana nos alimentos. Os íons fluoreto interagem com o esmalte formando a fluorapatita, a qual é menos solúvel em meio ácido do que a hidroxiapatita. Os íons fluoreto também destroem as bactérias ao perturbar a atividade enzimática e reduzir a produção de ácido.

A fluoretação do fornecimento de água é controversa . Os oponentes alegam que há uma correlação com o aumento do risco de câncer, síndrome de Down e doenças cardíacas, embora até agora não haja evidências convincentes para estas suposições. Eles também reclamam que a fluoretação em massa infringe as liberdades civis e que os efeitos a longo prazo do aumento dos níveis de fluoreto nos habitat dos rios ainda não são conhecidos.


Referências: Química Inorgânica; SHRIVER, D.F.; et al.; 4ª Edição; Porto Alegre; Editora Bookman; 2008

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