Obturação dá choque?

Quando era pequeno eu falava para minha mãe que eu tomava choque toda vez que encostava a colher no meu dente que tinha recebido obturação por amálgama. Naquela época ela não acreditava muito (não botava muita fé).
Agora, posso provar cientificamente à ela que eu estava certo!

Os amálgamas, devido ao seu excepcional comportamento, são muito usados na restauração
de dentes. Uma pequena quantidade de mercúrio é misturada com uma liga pulverizada de prata, estanho, cobre e zinco. Poucos segundos após a mistura, o amálgama é muito pastoso e pode ser colocado facilmente em um canal dentário que está sendo tratado. Depois de três minutos, o material se torna suficientemente duro para ser esculpido, e após duas horas, torna-se duro suficientemente duro para o paciente poder morder com o dente tratado. O produto final é resistente à corrosão e não dá origem a substâncias solúveis.

No entanto, as pessoas que têm obturações feitas com amálgama podem ter alguns problemas. Por exemplo, sentir dor quando um pedaço de papel alumínio entra em contato com a obturação. O mesmo também pode acontecer quando duas obturações entram em contato entre si. Esta sensação se deve à sensibilidade dos nervos dentários, devido á passagem de corrente elétrica proveniente de uma reação eletroquímica. A estrutura do amálgama dentário, uma solução sólida, é constituída por várias fases, algumas delas tendo aproximadamente a composição Ag₂Hg, Ag₃Sn e Sn_xHg (onde x varia entre 7 e 9). Todas estas três composições podem participar de reações eletroquímicas. Por exemplo:

O alumínio metálico é mais redutor que  qualquer  uma das composições de amálgama (E° = + 1,66 V). Quando um pedaço de alumínio entra em contato com uma obturação de amálgama, a gengiva e a saliva funcionam como uma ponte salina, e ocorre uma reação eletroquímica. É a passagem de uma pequena corrente elétrica, proveniente desta reação, que causa a sensação de dor.

Referências: Química e Reações Químicas; KOTZ, John C., TREICHEL JR, Paul; 4ª Edição; 2º volume; Rio de Janeiro; Editora LTC; 2002